quinta-feira, 9 de julho de 2009

Um novo paradigma ambiental

Por Laércio Júlio da Silva

09/07/2009


Há aproximadamente três anos, James Lovelock lançou um livro intitulado A vingança de Gaia que se transformaria na sequência de previsões catastróficas do autor para o mundo em que vivemos. Mentor intelectual da Teoria de Gaia que afirma que a Terra é um sistema vivo capaz de gerar, manter e regular suas próprias condições ambientais, o cientista prevê que já passamos literalmente da hora. A humanidade, como a conhecemos hoje, está entrando em uma nova era irreversível de mudanças principalmente na biosfera, consequência direta da interferência do homem na natureza. Segundo Lovelock, o que estamos assistindo atualmente em termos de mudanças climáticas já está se traduzindo no surgimento de um novo tipo de refugiado que não é nem político e nem motivado por conflitos armados, mas um ser humano errante, consequência principalmente da desertificação, à procura de novas terras que lhe propiciem sobrevivência.

Sem alarmismo, é lamentável que todos os esforços perpetrados no sentido da proteção e preservação do meio ambiente foram até agora em vão. Nunca se destruiu tanto e em tão pouco tempo. Nos últimos 50 anos o ser humano tem conseguido mudar o meio ambiente para pior, apesar de todas as campanhas preservacionistas.

Qual seria então a solução?

A resposta está na mudança do ser humano em relação ao seu papel no universo. O surgimento de uma consciência pessoal inexoravelmente bela, capaz de ceder lugar a um novo paradigma ambiental. O naturismo tem proporcionado experiências individuais no sentido de mudar o homem em sua essência. O contato direto com a natureza proporciona a sensibilização necessária para a harmonia com a criação. A reabilitação dos sentidos faz com que homens e mulheres, através da nudez social, se sintam em contato direto com Gaia (Deusa Grega que significa o elemento Terra).

Somente a nudez social pela prática do naturismo transforma as pessoas, resgatando as suas origens como filhos da mãe natureza. Essa reaproximação do homem não significa que devemos voltar à vivência dos homens das cavernas. Como exemplo, em relação ao uso da boa tecnologia, o quanto sem tem poupado em papel e outros recursos naturais com advento de arquivos informatizados? Quantas árvores deixaram de ser mortas? E as novas descobertas em substituição à queima de combustíveis fósseis? Com certeza, é esse o tipo de tecnologia científica que queremos focada no conjunto da humanidade. Humanidade que poderá reacender a vivência natural e salvar Gaia para nossos filhos e netos.

O naturismo proporciona uma experiência ímpar de contato com a natureza. Essa relação é fundamental para que o homem não se destrua e não acabe definitivamente com o "Jardim do Éden".

Somos feitos de todos os elementos presentes no universo. Nossa constituição física e química é a mesma de qualquer ser vivo. Somos parte do cosmos, portanto no presente momento incoerentemente praticando o suicídio diário, desfigurando o nosso próprio habitat.

Esperamos chegar ao entendimento proporcionado pela prática do naturismo ao reconhecer que somos parte fundamental da "Arca de Noé" que salvará o mundo. Nesse dia obviamente não se fará mais necessário campanhas e esclarecimentos, porque as pessoas terão ouvido o recado gritado vindo do seu próprio interior.


Laércio Júlio da Silva é diretor da Federação Brasileira de Naturismo (FBrN) e presidente da Associação Goiana de Naturismo, o Goiasnat (www.goiasnat.com.br)


"Não ande na minha frente, eu posso não te seguir. Não ande atrás de mim, pode ser que eu não te guie. Caminhe junto a mim e seja meu amigo." Albert Camus