quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Empreendedorismo naturista

Por Laércio Júlio da Silva

13/02/2010

Está surgindo no Brasil uma nova modalidade de investimento no segmento turístico. O turismo naturista hoje é uma realidade em oito praias regulamentadas através de decretos municipais, haja visto que a Lei do Naturismo (Projeto de Lei da Câmara nº 13) encontra-se em última instância para ser aprovada no Senado Federal. A iniciativa privada, de olho nesse novo nicho de mercado, tem se consolidado em clubes, pousadas e condomínios destinados a este público, destacando-se a Colina do Sol no Rio Grande do Sul, que nos dias 05, 06 e 07 de março próximo sediará o III Encontro Latino Americano de Naturismo, aberto a todos os interessados. A Comunidade Naturista Encanto de Minas, o Cnem, já é uma realidade. A Associação Goiana de Naturismo, o Goiasnat e o Clube Naturista do Planalto Central (D.F.), o Planat, pretendem em um futuro bem próximo adquirir uma área exclusivamente destinada ao naturismo.

Empreendimentos naturistas, desde que obedecendo às normas éticas e comportamentais ditadas pela Federação Brasileira de Naturismo -FBrN, são atualmente negócios viáveis para o lazer familiar e podem efetivamente contribuir ajudando na preservação do meio ambiente, já que a maioria das praias que se destinam a esse fim estão localizadas em áreas de relevante interesse ecológico. O perfil do turismo naturista está ligado ao cuidado com o meio ambiente, o praticante desse estilo de vida é um amante incondicional da natureza e um grande parceiro preservacionista. A FBrN procura incentivar e fomentar a criação de mais áreas naturistas, principalmente no nosso belíssimo e vasto litoral.

A exemplo disso, a FBrN foi recentemente procurada pelo diretor da Associação Ecológica Ambiental da Praia Brava-Ambrava, prof. Paulo Ivo, para iniciarmos um projeto sócio-ambiental no sentido de oficializar a Praia Brava como a primeira praia de naturismo no litoral paulista, seguindo o exemplo da Praia do Pinho no Estado de Santa Catarina e a Praia do Abricó no Rio de Janeiro. Hoje, a Praia Brava é considerada uma praia “tolerada” para a prática. Localizada no distrito de Boiçucanga em São Sebastião no Estado de São Paulo, a praia oferece todas as condições necessárias para a prática no Estado mais rico da federação. O acesso por si só é um grande passeio pela Mata Atlântica através de uma trilha rodeada de cachoeiras e paisagens deslumbrantes até chegar a Praia Brava de areias brancas e um rio que desagua no meio da praia formando piscinas naturais. Estive lá a convite do Residencial Praia Brava (www.praiabravaresidencial.com.br), empreendimento situado no caminho da trilha, a primeira pousada local a se filiar a FBrN que seguirá o Código de Ética Naturista e passará a receber naturistas do Brasil e em pouco tempo pretende constar do Anuário da Federação Internacional de Naturismo-INF, com sede na Bélgica e assim hospedar naturistas do mundo todo interessados em conhecer também um pedaço da Mata Atlântica localizado no Parque Estadual da Serra do Mar. A ideia foi muito bem recebida por autoridades locais que entre a parceria do setor público e iniciativa privada passará a contar com mais uma fonte renda e emprego para a população local.

Laércio Júlio da Silva é diretor da Federação Brasileira de Naturismo (FBrN) e presidente da Associação Goiana de Naturismo, o Goiasnat

www.goiasnat.com.br

A UNIÃO FAZ A DIFERENÇA

A UNIÃO FAZ A DIFERENÇA

Ainda é grande a curiosidade acerca do naturismo, algumas pessoas até me perguntam: Você foi lá? Ficou pelado? Educadamente respondo que sim, afinal eu fui numa área naturista porque tenho que ficar vestido? Creio que chega até faltar o ar para esses questionadores que não conseguem entender o que é ser natural. Muito bem, mais um para tentar conscientizar e ensinar a olhar o ser humano de modo natural.

Começo, pois, enviando artigos por mim escritos e por outros autores também, indico livros e trabalhos acadêmicos (os poucos que existem), e à vezes nada disso interfere na forma rígida e indisciplinada de mentes que não conseguem enxergar a nossa essência, ainda presas dentro de si mesmas, de tradições.

“A tradição é a personalidade dos imbecis.” (Albert Einsten)

Ensinar a se questionar dentro desse processo (aula individual), além de ser demorado, é também bastante cansativo. Alia-se a essa dificuldade o fato de vivermos numa geração do Harry Potter, dos desejos rápidos, que não gosta e não pratica habitualmente a leitura, da falta de tempo, querem o resumo do livro. Creio que o melhor seria se tivéssemos uma sala com diversos alunos. Iríamos mostrar a definição de naturismo e que é um campo interessante para estudos em diversas áreas das ciências humanas. Teríamos a oportunidade de mostrar o significado de amizade, respeito e união. Vamos sonhando!

“Sem Sonhos, seremos servos do egocentrismo, vassalos do individualismo, escravos de nossos instintos. O maior sonho a ser vendido nessa sociedade consumista é o sonho de uma mente livre!” (Augusto Cury).

Eis que surge no início de março/2010 o III Encontro Latino-Americano de Naturismo cujo assunto principal será o “Desenvolvimento do Naturismo na América-Latina”. Sem propostas que não contemplem mudanças no sistema educacional não teremos desenvolvimento de coisa alguma, nem mesmo formação de líderes capazes de unir para seguirmos numa direção. Sem UNIÃO provavelmente seremos os últimos dos Moicanos, porque não teremos exemplos para ensinar nada.

“Como formar líderes do futuro sem revolucionar o sistema educacional? Uma sociedade que paga muitas vezes mais para quem julga do que para quem educa terá sempre dificuldade de formar grandes líderes. Este sistema está doente, formando pessoas doentes para uma sociedade doente. Que futuro nos aguarda?” (Augusto Cury em O Vendedor de Sonhos – E a revolução dos anônimos).

“A União faz a força”, assim meu pai ensinou para seus filhos, ele deve ter lido este chavão em algum lugar e foi passando para outras gerações, com uma grande vantagem ele nos ensinou que para existir essa união é preciso ter humildade para reconhecer nossos erros e um coração que sabe perdoar e amar. Porque temos que competir? Da mesma forma que queremos ensinar o naturismo não teríamos que aprender também outro estilo de viver? Será o sistema competitivo algo cultural e também uma tradição? Viver com ressentimentos e mágoas é viver no passado, onde já não existe nenhuma oportunidade de evolução e nos trazem prejuízos em nossa matéria.

Quanto mais a nossa mente se apega ao tempo, atolada no viscoso terreno da ansiedade ou retida à nostalgia, mais devagar atravessamos os dias que nos são dados viver e mais depressa envelhecemos. Aqueles que vivem aqui-e-agora, sem pressa do que virá e nem vontade de retornar ao que passou, permanecem joviais e saudáveis, mesmo em idade avançada. No entanto, pressionados pelo ritmo da vida moderna, nossa cabeça viaja por mil idéias, lugares e fantasias, enquanto o nosso corpo permanece no mesmo lugar. À noite, comemos de olho na TV, escutando sem atenção a pessoa ao nosso lado e recordando a palavra áspera que, no trabalho, gravou uma dobra de ressentimento em nossa subjetividade. Não podemos "perder tempo". Competimos com parentes, colegas de profissão, amigos e, inclusive, com nós mesmos. Tamanha onipotência é o caminho mais curto para o infarto e outras enfermidades, precedidas pelo mau humor, o estresse, a infelicidade. Aqueles que conseguem viver o aqui-e-agora sabem ganhar tempo - de vida, de alegria, de dedicação aos detalhes do cotidiano e aos grandes projetos empreendidos.(Frei Betto).

Temos uma boa oportunidade de unirmos para encontrarmos o tão esperado desenvolvimento naturista, para defendermos nossas posições de “mente limpa corpo livre”, para dar exemplo vivo do que representa a palavra “RESPEITO” e o significado de “HARMONIA”.

Ataques pessoais e agressões em nada contribuem para trazer novos adeptos ao naturismo. Muito ao contrário, os maiores prejudicados seremos nós mesmos pela escassez de áreas destinadas à prática saudável, por falta de interesse de investimentos em novas áreas. Somos minoria (considerando a população brasileira) e às vezes provocamos divisões desnecessárias numa clara demonstração do que se faz diferente do que se fala.

Temos que levar propostas concretas e mostrar que nosso povo consegue superar as dificuldades e as nossas diferenças, não com jeitinho brasileiro, mas com reais valores humanos. O progresso só será conquistado com ordem e a União fará toda a diferença nos resultados que buscamos alcançar.

“Farei da nudez a mais pura revelação de todas as virtudes; assim, ninguém terá vergonha de mostrar o que Deus não teve vergonha de criar, e a culpa será redimida pelo amor”. (Frei Betto em Carnaval Espiritual).


Evandro Telles
17/02/2010