domingo, 29 de janeiro de 2012

Ocara e o oco

Waldemar visitou o Hotel Ocara como hóspede, gostou, e postou suas impressões, o link sendo republicado aqui no blog, com é de costume.

Ele fala do hotel, fala do valor da Colina do Sol, e fala da proposta de compra direta da Justiça. Enquanto suas observações sugerem vários ensaios - por exemplo, sobre a diferença entre um bolha especulativa e uma esquema Ponzi - vamos hoje tratar hoje destes três assuntos, em que ele claramente refere a mim.

O Hotel Ocara

Waldemar achou o hotel "bonito". Nós analisamos o hotel como empreendimento. "Bonito"?  Um fantasia de Carnaval é bonita na desfile de sábado, mas destoaria na missa de domingo. Critiquei um hotel de alvenaria num empreendimento cujo diferencial é a aproximação rústica à natureza. Critiquei, também, uma prédio de três andares sem elevador, num plano de negócios dirigido ao aposentados europeus: que público que pode ter dinheiro e querer fugir do inverno, mas que não subir escadas. "Bonito" não era uma resposta às minhas perguntas.

O aspecto do Hotel Ocara em que concentramos nossa atenção, era o lado empresarial. Celso recebeu de outros, inclusive empréstimo de dinheiro público, em volta de R$750 mil, dinheiro o suficiente para construir de duas ou três hotéis, e ele construiu meio hotel, pois os dois andares da cima não foram acabados. Waldemar não subiu a escada?

Enquanto o investimento de Celso e Paula era um terreno com valor de R$3.856,74, o contrato social de Ocara SA estabelece que ele e Paula receberiam mensalmente R$4 mil para gerenciar o hotel. Eles recuperarem todo seu investimento no primeiro mês. Qualquer dos outros sócios chegou a receber um centavo sequer? Perderem tudo. Wayne perdeu até a vida, num "assalto", e pelo relato de alguém que viu, na manha seguinte um dos escudeiros fies de Celso violou o isolamento policial para se apoderar das caixas de documentos que Wayne tinha juntado sobre o fraude do qual foi vítima.

plano empresarial do Hotel Ocara , disse que na estação alta, 22 apartamentos estariam 90% cheias, numa tarefa média de R$296/noite. Infelizmente, Waldemar não nos informou quantos apartamentos estavam ocupados nos noites em que ele estava lá (menos de 20, presumo) nem as tarifas praticadas. Os hóspedes pagavam uma média de R$296 por noite por apartamento? Ou o valor foi outro?

Referente a qualidade da comida de Celso, vou confiar no juízo de Waldemar. Com uma coisa e outra, se Celso preparasse um prato para mim, não estarei disposto a provar-lo.

O valor das terra

Waldemar disse que "Qualquer um que já tenha ido a Colina do Sol sabe que aquela área vale, no mínimo" 1.4 milhão. Consideramos no blog www.calunia.com.br, de uma maneira um pouco mais técnico.

Quem tenha ido ao Registro de Imóveis de Taquara sabe que um terça das casas são construídos nas terras do vizinho, terra devidamente registrado no nome dele, e não no de Celso Rossi ou do CNCS. As postagens sobre "Minha cabana está penhorada?" no outro blog explicam o que estava sob penhor, o que está em terreno de posse, e o que está no vizinho.

Waldemar confunde "o que está lá em cima", ocupado com ou sem papel pelo Celso Rossi - que no site de Ocara seria 60 hectares, e no Registro de Imóveis e no Tabelião seria uns 41 - e o que estava de fato penhorado, quer era mais ou menos a metade, 25 hectares. Qual metade? Na época, não dava para saber, e dos papeis dos cartórios, talvez nunca teria dado. Conversando com os velhos vizinhos de Morro da Pedra, eventualmente descobri.

E descobri, num processo, um mapa que mostra que sr. Rossi estava vendendo, e efetivamente vendeu, "concessões residenciais" em terras que ele sabia perfeitamente não lhe pertencia. Ele tinha uma mapa do que comprou, e outro do que tinha para vender. Postei os mapas.


A compra direto da Justiça

Agora, referente a possibilidade da compra das terras penhoradas diretamente na Justiça, a situação não é bem o que foi apresentado ao sr. Valdemar. O valor da dívida, inclusive a pensão até 2023, parecia ser "entre R$300 mil e R$691,284.58", e não R$140 mil; de qualquer forma, Celso e Colina acabaram pagando algo em volta de R$200 mil para quitar a dívida.
Eu fui realmente a Taquara ver a possibilidade de realizar o negócio. Mas o "due diligence" mais básico - onde ficam as terras penhoradas? não encontrou respostas. Outras perguntas, como a legalidade do loteamento, ou se o hotel tinha "habita-se", encontrei respostas, só que eram "não". Para comprar na Justiça, o preço dito para mim era R$2,2 milhões, depois R$400 mil, depois R$600 mil, depois R$800 mil.

Oitocentos mil reais era além do possível, e além do valor da coisa. Até pelo cálculo de sr. Valdemar, de "pelo menos R$1.4 milhão", metade disso (e a leilão ou compra seria para somente a metade, 25 hectares) seria R$700 mil. Sem saber qual metade - com ou sem casas e quais casas, com ou sem hotel, etc., era um bilhete de loteria, e com um prêmio menor do que o preço do bilhete.

Desisti e senti um alívio enorme. Há negócios que devem ser aceitos, negócios que devem ser conversado valores, negócios que devem ser rejeitados, e negócios para sair correndo. Este era da última categoria.


Alguém foi lesada? 

Sr. Waldemar ouviu números incorretos sobre um negócio que não chegou a acontecer, e ache que "pode demonstrar que existem interesses excusos". Como já colocamos no outro blog, o Hotel Ocara recebeu um total de mais de R$750 mil, de "investidores" e emprestado do BRDES,  e foi gasto aparentemente uns R$250 mil em construção. Que fim levou os outros R$500 mil? Celso Rossi, que disse que colocou na empresa um terreno que lhe custou R$3.856,74 (que não é nem onde o hotel foi construído) ficou com o hotel. Vários dos investidores ficaram de ver navios, e Wayne foi ouvir os anjos cantar.

Se sr. Waldemar tiver dúvidas sobre qualquer coisa que afirmo neste ou no outro blog, é só perguntar, e respondo, com provas documentais. Não afirmo nada sem provas. 

Provas documentais

Celso Rossi forneceu uns documentos, e prometeu que fornecerá outros. Não li todos, pois estou concentrando agora no fim do caso criminal contra os quatro naturistas que foram levados para a cadeia durante 13 meses pelas acusações dos seus desafetos e devedores, os "naturistas" da Colina do Sol.

Lembro também que no caso criminal, o delegado entregou "documentos". Os pareceres psiquiátricas eram fajutos; os ofícios encaminhando evidências encaminharam 24 CDs a mais do que foram apreendidos. Uma carta diz que o relatório anexo afirmava que os computadores eram criptografados e cheios de fotos, mas o relatório não disse isso! De qualquer forma a afirmação seria um absurdo, equivalente ao, "Não conseguimos abrir o cofre mas está cheio de provas".  

Documento não é prova, simplesmente por ser documento. O papelado começa, parece, com provas de que Celso comprou um pouco menos de 41 hectares, ainda que o site de Ocara afirma fala dos "60 hectares da Colina do Sol". Falta explicar de onde vieram os outros 19 ha, como falta explicar onde foram os outros R$500 mil. Ainda, o empréstimo de que Celso fala, já vi documentos afirmando que foi um empréstimo de Uruguai. Fernando Collor explicou tudo com um empréstimo de Uruguai, também.  

Em vez de especular sobre negócios que eu não cheguei a realizar, e me atribuir motivos escusos para escrever a verdade sobre ele, sr. Celso Rossi deve esclarecer o que ele fez com o dinheiro dos investidores da Ocara S.A., e o que ele fez com o empréstimo de dinheiro do orçamento da União para completar o hotel, sendo que não completou. Se ele ache que há gente louco para por as mãos na Colina do Sol, que deve explicar porque é um bom negócio. Quanto de lucro o Hotel Ocara dá por mês? Quando vai conseguir pagar a dívida agora de mais de R$300 mil com o BRDES, e devolver aos investidores o meio milhão investido?